sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cicloviagem São Paulo - Curitiba


1º dia – Quinta Feira – 17/06/2010
São Paulo - Pedro de Toledo.
176 kms.


Encontro com o Rei Lagarto

Passei o último mês planejando esta viagem. Estava pedalando num ritmo legal. No último final de semana pedalei bastante, inclusive subindo o pico Jaraguá algumas vezes, e fiquei de boa de Segunda até Quarta-Feira.
Outra coisa que precisei ir atrás foi de roupa para o frio e chuva, que acabou me ajudando durante o pedal. Agora tenho uma capa de chuva, um agasalho tipo “segunda pele”, luvas com dedos cobertos e uma capa para os alforges.

Dormi lá pelas 12:30am e acordei às 3:30am.. fiquei me enrolando até às 4:20, quando fui tomar um banho, comer e fazer os últimos ajustes pra sair. Tava frio e tinha planejado pedalar cerca de 160-170km até a cidade de Pedro de Toledo. Nunca tinha pedalado tanto assim num único dia.

A intenção era de chegar em Pedro de Toledo no 1º dia, em Ilha Comprida no 2º, Cananéia no 3º, Ilha das peças no 4º e chegar em Curitiba no 5º, pegando o trem em Morretes. Mas acabei mudando um pouco os planos conforme a viagem foi decorrendo.

Curti sair cedo, pegar Imigrantes ainda amanhecendo, foi um belo visual e bem tranquilo, sem muitos caminhões apesar de precisar ficar sempre ligeiro. Não passei frio, nem calor... consegui um bom equilíbrio com os agasalhos. Cheguei no Rancho da Pamonha cedo, ainda nem tinham aberto, então segui para a Estrada de Manutenção.

Mais uma surpresa, de manhã a estrada fica muito bonita, ainda mais com o céu limpo, dava pra ver os raios de sol e o litoral duma maneira que nunca tinha visto antes. O calor também começou a bater e parei pra trocar de roupa.
 
 Embaixo da Imigrantes

Observando a Serra

Caminho do Rio Pilões


Em pouco tempo estava pedalando na Rod. Padre Manoel da Nóbrega, com um vento contra que tava lazarento ao extremo. Depois que consegui chegar mais próximo de Praia Grande o vento deu uma trégua e não incomodou mais durante este dia.

O caminho foi de boa, monótono até. Semana retrasada tinha feito o mesmo percurso, porém em 2 dias, e sabia que ia ser meio cansativo. 

 Descansando...

Depois de Peruíbe o visual muda. A Serra da Juréia deixa as coisas mais interessantes, e as plantações de banana marcam quase todo o caminho.

 As bananeiras da Juréia


Cheguei em Pedro de Toledo às 4:30, fui procurar uma pousada... fiquei na da Dona Maria do Bolo.

Depois fui comer algo e troquei uma ideia com um pessoal da cidade sobre a Estrada dos Despraiados, que seria minha primeira opção de percurso até Ilha Comprida. Mas resolvi deixar para uma outra ocasião quando soube que não teria muitas subidas e um bom acostamento indo pela Régis Bittencourt.

Voltei e tentei dormir, mas só tentei.. tinha uma festa de São João ou algo assim na cidade. Fiquei vendo uma TV e indo no banheiro “respirar” água pelo nariz, já que o clima estava tão seco que dificultava respirar.. numa próxima vez deve ser uma boa ideia pedalar usando um pano molhado no nariz pra evitar respirar tanta areia e ar seco enquanto pedalo. De qualquer forma, consegui limpar o nariz e ter uma boa noite de sono, que só terminou às 7:30 da manhã.


2º dia – Sexta Feira – 18/06/2010
Pedro de Toledo – Ilha Comprida
100 kms

Acordei bem revigorado, e com as pernas bem de boa, sem sentir muitas consequências do dia anterior.
Bati um rango no quarto, que tinha comprado na noite anterior. Quando tava saindo pra pedalar a dona Maria do Bolo me chamou pra tomar um café da manhã com ela. Achei legal da parte dela, já que eu tinha acertado o preço do hotel sem o café da manhã.
Saí meio tarde, 9hs, e bem pesado de tanto comer. Tinha um trecho de subida difícil pela frente, segundo os moradores, e o principal era a falta dum acostamento decente na estrada até a Régis.
O caminho foi difícil, mais pela falta do acostamento decente, que obrigava a pedalar no meio de um monte de pedras e mato. Não dava para ir pela estrada, já que o passam muitos caminhões e eles parecem não se importar muito com alguma coisa sua na frente. Então fiz os 17kms até a Régis bem lentamente, tendo que muitas vezes trafegar na contra mão, já que às vezes o acostamento some dum lado.
Numa parada para bater fotos bati o pedal no meu joelho, os pedais da minha bike são muito ruins e sempre acabo me machucando com eles, quero ver se troco em breve.

 Subindo até a Régis

Logo que cheguei na Régis calibrei os pneus para o asfalto, e já senti toda a diferença. Estrada muito boa, com um belo acostamento do lado. Dava pra pedalar com bastante velocidade e em pouco tempo cheguei na entrada para Iguape. Fiquei bem feliz que tive que pedalar somente uns 17kms.

Régis
Parei para comer alguma coisa num bar que tinha ali e comecei a subir... subir.... acho que foram uns 5 kms de subida, mas nada muito íngreme ou difícil.
Depois vem uma bela descida.. e o visual compensa: da pra ver lá longe, as montanhas e o litoral.
Mais uns 50 kms cheguei em Iguape, cidade bacana, com um centrinho histórico e até um cinema passando Alice no País das Maravilhas.

 Planície para Ilha Comprida

 Mais uma...


 Vidinha mais ou menos...

Segui pela ponte até Ilha Comprida, pedi por um camping, mas estavam fechados ou os proprietários iriam chegar mais tarde. A cidade estava bem vazia. Fui pedir sobre preço nas pousadas e fiquei num hotel bem legal, com cozinha, tv e bastante espaço.. por 25 reais, já q estava fora de temporada.
Tomei um banho e saí para comprar comida. Conversando com a menina do mercado, não tinha nada pra fazer na cidade, somente um karaokê no centro ou ir para Iguape.
Cozinhei um macarrão, arrumei as coisas e capotei. Estava bem cansado e sentindo também a batida do pedal no joelho...

 Long Island Bridge


3º dia – Sábado – 20/06/2010
Ilha Comprida – Barra do Ararapira
70kms

Despertei às 8:00hs, zerado, graças a bela noite de sono que tive na noite anterior. Sabia que hoje teria pouca coisa para pedalar e nenhum stress com caminhões.
Tomei um banho e fiz um macarrão e uns sanduíches para levar. Vi o jogo da Holanda e Japão, que a Holanda levou, mas o jogo foi muito ruim... como a maioria dos jogos da copa estão sendo...
Parti as 10:00am para pedalar cerca de 50 e poucos quilômetros até Cananéia.

 Ilha Comprida

No inicio estava com um vento contra, mas depois foi aliviando. Durante o pedal fui pensando sobre Curitiba, que queria poder passar mais tempo lá e tal. Comecei a fazer os cálculos e vi talvez fosse possível chegar lá um dia antes, se eu conseguisse chegar em Paranaguá a tempo de pegar o trem que sai da lá aos Domingos até Curitiba.
Resolvi apressar o passo e fui num gás até o final da praia, aonde tive q empurrar a bike por um trecho que a areia era muito fofa e atolava a bike.

 Estrada para a balsa

Conversei com um pessoal que esperava a balsa, e todos diziam que não rolava mais ir até a praia do Marujá hoje... uns ainda falavam que só na Segunda Feira, cada um querendo me desencorajar, muito estranho aquilo.

 Balsa

Fui conversar com um pessoal que tava num barco ancorado e disseram que podiam me levar pra lá, por 25 reais. Mas teria que esperar uns gringos chegarem de sp, que iriam até Ariri, aonde estava rolando uma festa católica.
Meia hora depois, às 3:30, saímos de Cananéia e nas 3 horas seguintes tive um dos melhores passeios de barco da minha vida. Muito legal passar por aquela região, ver o sol se por ali.. sem palavras.

 De dia...

 Pôr do Sol...

Crepúsculo


Cheguei na Marujá às 18:40 e fui buscar um camping.. tinha até pagado pela diária quando conversando com o pessoal sobre meus planos, disseram que seria melhor já ir até o pontal da praia e já combinar com alguém pra atravessar a ilha logo de manhã. Muito gente boa o Seu Isidoro, que me deu as dicas.
Coloquei a luz no capacete e saí rumo direção ao sul da ilha. Foi um dos momentos mais legais da viagem: pedalar na noite, com o mar do lado, vento a favor... se desviando dos siris que ficavam na praia deserta.
Cheguei no final da praia e nada da vila.. encontrei uma luz lá longe e fui em direção. Era um pescador que tinha a minha idade, tava pescando com o barco dele. Troquei uma ideia com ele e pedi pra ele me levar pro outro lado.. ai foi outro momento muito legal, passar com a bike na canoa, só com a luz da Lua.. 

 Com a luz do capacete

Gente boa o pescador, não me cobrou nada, e me indicou a pousada do Rubens... que me acomodou super bem por 15 reais.
Ele também tinha comentado sobre o trecho do início da praia que eu pegaria amanhã, q estava bem ruim e ele curiosamente chamava de "tranqueira".  Mas eu tava tão empolgado por já ter chegado ali que nem dei muita bola. Depois conversei com o Seu Rubens, e ele disse q eu passaria tranquilo pela "tranqueira".

4º dia – Domingo – 20/06/2010
Barra do Ararapira – Curitiba
acho que uns 40 kms (o odômetro quebrou)


Início da Tranqueira


Saí e o dia ainda estava escuro...
Achava que iria ser uma pedalada bem tranquila, mas foi o dia mais difícil de todos.
Logo de cara encontrei um desmoronamento na praia, fazendo com q eu tivesse que passar pelo mar com a bike, tinha um pequeno córrego que a água dava na cintura. Sorte que encontrei um pescador que me deu uma ajuda levando a bike a os alforges na canoa... e eu passando pelo mar. No final deu tudo certo... mas iria levar muito tempo para passar por ali sem ajuda.

 Bike e a "tranqueira"

 Trecho de acesso fácil

Depois que acabou o obstáculo começou o pior... um vento contra absurdo, direto do mar aberto... tava conseguindo manter uma média de 11kms/h. E tinham dito que levaria 38 kms pra chegar até lá.. muito cansativo. O pior era a expectativa que tinha criado para chegar a tempo para pegar o trem. Apesar de eu estar molhado, o frio não incomodava porque eu estava fazendo bastante esforço para pedalar.
Depois de pouco tempo tinha abandonado a idéia de chegar até a Ilha das Peças e pegar um barco para Paranaguá. Mas segui firme, achava que ia acabar vendo o jogo do Brasil com os pescadores da vila.
Fui pedalando bem devagar, passando várias vezes por dentro dos braços de mar com a bike... até que o odômetro da bicicleta parou. Agora não tinha mais ideia de quanto tempo faltava.

Ovni na praia deserta

Pouco tempo depois a corrente da bike deu uma travada feia, precisei parar para arrumar...
Tava seguindo lentamente e encontrei as primeiras duas pessoas desde que entrei na praia deserta. Eram pescadores, pedi para eles sobre como chegar até Paranaguá e disseram que tinha um barco lá, zarpando para Paranaguá. Comecei a pedalar e sai disparado, só que chegando no trapiche, o barco já tinha partido. 

 No pier de Superagui

 Barcos...

Fiquei ali um tempo e acertei com um pescador pra me levar pro outro lado. Enquanto esperava, veio o Sr Adaulto falar comigo, dizendo que iria de “voadeira” pra lá, e ainda tinha uma vaga na lancha.
Custou 40 reais, mas valeu a pena, pois iria chegar em 50 minutos. E como ele era dono de uma pousada, ganhei um café da manhã nessa.
Comi e fui lavar a bike e a bagagem. Tava feliz pra caramba pelos acontecimentos.

 Tá firme mesmo, tio?

Seguimos na lancha com o mar bem mexido, tinha umas ondas grandes até. Lembrei do Shackleton na hora, pela Passagem de Drake com ondas duns 30 metros... ai fiquei calmo.
A viagem de “voadeira” levou 45 minutos, e valeu bastante a pena.. tanto pelo tempo quanto pela diversão. Fui com mais um casal de Curitiba e a mulher do Seu Adalto. Consegui chegar em Paranaguá a tempo de comprar minha passagem de trem para Curitiba.
Fui almoçar e fiquei dando umas voltas pela cidade...

 Paranaguá

O trem saia às 14hs, e às 15:30 tinha jogo do Brasil.. só tinha eu e mais uns alemães viajando. Uma galera gente boa, deu pra trocar uma ideia com eles. Perdi o jogo, mas ganhei uma trip bem interessante.. o único porém foi a neblina que impossibilitava de ver muita coisa no horizonte.

 Trem para Curitiba

Chegando em Curitiba, comprei a passagem de ônibus para Segunda a noite e fui até o bar na frente da casa do Fejão, aonde estavam comemorando a vitória do Brasil sobre a Costa do Marfim.
Ficamos tomando umas de bar em bar e terminamos no apto de uma mina que não lembro o nome, lá pelas 4 da manhã.

5º dia – Segunda-Feira – 21/06/2010
Curitiba

Fomos dar umas voltas na cidade e assistimos uns jogos da copa na La Paula, ponto de encontro do pessoal. Depois o fejão mostrou uns sons q tava compondo e vimos um filme Norueguês de Zumbis Nazistas. 

 Fejão e seus power chords

Pra voltar peguei uma chuva até a rodoviária, mas deu tudo certo com o embarque da bike pela Itapemerim. E às 7 da manhã estava no Tietê e fui pedalando pra casa para encerrar mais uma trip bem sucedida :)

 Busão...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Cicloviagem São Paulo - Peruíbe

05/06/2010 – 06/06/2010

Dia 1 – Sábado – 05/06/2010




Inicialmente, meus planos eram de aproveitar este feriadão de Corpus Christi para ir até Curitiba, porém durante a semana pintou um trabalho de criação de uma vinheta prum vídeo que impossibilitou a trip. Encontrei um amigo no msn, o Padovan, que disse que estava interessado em descer a serra e ir até o litoral de bike.. então resolvemos fazer este pedal.
Saímos de tarde, às 13hs. Nos encontramos na estação São Judas e descemos caminho a Imigrantes. Peguei quase toda a bagagem do Padovan e coloquei nos meus alforges, porque pedalar com mochila nas costas é osso.

Parada para se recuperar na Imigrantes...

A pedalada foi tranquila, o Padovan fazia tempo que não pedalava, mas estava mantendo um ritmo constante e lá pelas 4hs da tarde chegamos a estrada de manutenção, embaixo de uma chuva fina.
Nunca tinha passado pela estrada de manutenção com tanta nevoa, tinha momentos que não dava pra ver quase nada.. muito legal e bem diferente de todas as vezes que desci por ali.

 Mamãe, não me perca na neblina...

Estávamos um pouco receosos porque a pista estava bem molhada, os tênis derrapavam direto, então imagina as bikes.. mas tudo ocorreu tranquilo neste dia e nenhum incidente foi registrado.

 Padovander fazendo pose pra foto...

Começou a anoitecer e ainda estávamos na manutenção, eu tinha esquecido minha lanterna de cabeça e só tinha trazido a lanterna de sinalização. Dava pra iluminar, mas naquelas... No final passamos pelo posto dos seguranças e eles disseram que estavam num processo para oficializar a descida pela estrada, e era bom sempre dar uma ligada pra eles antes de descer..
Passamos num breu total pelo caminho do Rio Pilões, e em pouco tempo estavamos pedalando na Anchieta, sentido Santos.
Quando chegamos em Santos o Jovem Padovander estava cansado, mas bem cansado, o bom é que não ficou de mau humor e seguimos dando risada...
Chegamos na Pousada da Marquesa, fomos bem recebido pela dona Marta e pegamos um confortável quarto.
O padovan capotou feio na cama, fazia tempo q eu n via alguém tao cansado, o bicho tava roncando em menos de 5 minutos. Depois fomos tomar umas e comer uma pizza numa padoca...

Total de tempo: 13hs às 20hs -7hs
84 Kms


Dia 2 – Domingo – 06/06/2010

Sol, dia bonito, pessoas felizes e de bem com a vida pelas ruas... bem diferente de ontem, só o frio que ainda continuava. Tomamos um belo café da manhã que salvou bem o início da nossa pedalada. Passamos pela orla de Santos, São Vicente e chegamos em Praia Grande. Fomos pela ciclovia até umas 14hs.. quando paramos para comer um camarão na beira da praia. Também tomei um suco de amendoim, que nunca tinha tomado.. com leite e tal. Todo este percurso tinha um vento contra bem lazarento, que não deixava a gente pegar velocidade. Resolvemos pedalar fora da orla, pra evitar um pouco o vento...

 Ciclistas...

Praia Grande...

Pelas barbas de Netuno!


Refeição saudável


Pedalamos e passamos por Mongaguá e chegamos em Itanhaém. Este percurso não é dos mais interessantes, meio monótono até, estávamos meio cansados... até que resolvemos parar num mercado e comprar bolachas e dois energéticos. Ai o clima mudou com a cafeína, o açúcar e o guaraná dando aquele gás... fizemos o percurso dando bastante risada e falando asneira.

Rio

Chegou a noite e ainda estávamos na estrada, e o frio batendo... coloquei uma jaqueta que barra o vento e emprestei os manguitos pro padovan e às 18:40 chegamos em Peruíbe.
Compramos a passagem pela Breda e tudo ok. Até embarcarmos... o motorista não queria estar trabalhando naquele dia, tava bem mau humorado, dizendo que as bikes só entravam se tivessem nota fiscal e blá blá blá. Conversamos com o pessoal da empresa e fizemos uma declaração que as bikes eram nossas e tudo ok.. amarramos as bikes no bagageiro e seguimos até o terminal do Jabaquara para encerrarmos mais uma trip bem sucedida.

 Rodoviária de Peruíbe

Tempo total: 10hs às 18:40 – 8:40 hs
kms - 90