sexta-feira, 7 de maio de 2010

São Paulo à Paraty de Bike - Páscoa 2010


São Paulo - Paraty
Dia 02/04/2010 - Sexta Feira Santa
SP- São Sebastião (140Km)

 
Passei a noite anterior arrumando as coisas para pode sair bem cedo hoje. Pretendia sair de casa as 4:40, pra pegar o primeiro metrô para a estação Luz, de lá pegar o trem para Guaianazes e outro para Mogi das Cruzes.

Na verdade consegui acordar as 4:40 e saí de casa as 5:30. Como era feriado o metrô libera bikes para viajar no último vagão.. e segui sem problemas até a estação da Luz, aonde embarquei sentido Guaianazes.

Optei por ir até Mogi de trem porque ia encurtar minha viagem em 60km e assim poder aproveitar melhor o percurso no litoral.


A gatinha e a bike no trem

Tudo certo até ai.. tinha até umas crianças do lado da bike, que olhavam para mim e ficavam sorrindo. Até fiquei impressionado em como eram simpáticas e felizes.

Várias pessoas passavam vendendo coisas, inclusive chicletes. E que criança não gosta de chicletes? A mãe delas tratou de comprar alguns e seguimos felizes a viagem, agora com a energia do açúcar no trem da alegria.

As crianças desembarcaram e até disseram tchau. E segui minha viagem contemplando a paisagem. Quando fui descer do trem vi que tinha algo enroscando na roda da bike: as simpáticas crianças haviam colocado chicletes na roda da bike.. por isso estavam tão sorridentes e felizes. Malditas crianças!
Depois de tirar o excesso da goma, cheguei em Mogi as 7:40, pedi informações para chegar na Mogi-Bertioga e segui adiante. A estrada é boa e é praticamente toda duplicada, o trânsito estava bem intenso devido ao feriado, mas nada demais.

Mogi das Cruzes


Mogi-Bertioga
Fui parando algumas vezes para fazer uns takes e contemplar a região. Quando parei para comer algo que tinha trazido, vieram uns moradores trocar uma ideia comigo e me deram umas bolachas e água...

Na descida da serra a pista fica muitas vezes sem acostamento, e apesar de caminhões acima de 23 toneladas serem proibidos, os menores ainda trafegam, então tem q ficar esperto com o vácuo. Fui controlando a velocidade em cerca de 50-60km/h, assim dava pra descer junto com os carros sem problemas.

Em pouco tempo chega-se a um mirante, mais alguns kms abaixo já termina a serra e logo aparece o trevo para pegar a Rio-Santos.


Aranha no asfalto

O caminho na Rio-Santos é de boa, com acostamento legal por quase todo o percurso. O que não foi muito legal foi o vento contra, que não deixava a bike pegar muita velocidade. Por uns 50km é práticamente tudo plano. Quando parei de novo veio um senhor falar comigo, o Zé Gago.. figura, me deu água gelada e disse q o sonho dele era que o filho fosse motociclista ou ciclista.

Rio-Santos


Resolvi entrar na Juréia e seguir por ali até Boiçucanga. Caminho mais interessante, passando pelas praias, umas estradas de areia e pedras e um visual bem bacana.

Peguei um morrinho lazarento na entrada de Boiçucanga, mas mal eu sabia o que me esperava depois.

Em Boiçucanga parei pra almocar, como eram apenas 13:00hs resolvi comer um PF gigante e dar uma dascançada até as 15hs. O erro foi aí.. comi pra caramba, parecia q tinha um bicho agonizando dentro do meu estômago e não tinha idéia das subidas que tinha pela frente.

Dormi um pouco embaixo duma árvore na praia e segui viagem.


Boiçucanga

Logo de cara peguei a subida para Maresias, acho que foi o momento mais difícil da trip: desencanava de pedalar nos trechos mais íngremes e empurrava a bike. Cansei bastante e tentava engolir meu coração que ficava querendo sair pela boca.... e o almoço que queria ser digerido. Alguns carros ficavam zoando comigo ou me incentivando.. e depois da minha via sacra cheguei ao topo da serra. Parei um pouco e desci até Maresias.

Parado na Serra de Maresias


Conversei com um povo de lá e disseram que aquela era a pior subida até São Sebastião. O que me deu um ânimo e segui em frente.

Os próximos kms até São Sebastião foram bem difíceis, muitas subidas e descidas, nada de muito plano. E comecei a ficar meio noiado com aquilo tudo, achando que não ia  ter que pedalar a noite e outros pensamentos ruins. Até que vi que isso estava na minha cabeça, que havia planejado tudo e que tudo estava dentro dos planos e que já estava muito perto do objetivo ... e às 19hs consegui chegar ao meu destino, um camping perto do centro de São Sebastião.

Em algum lugar de São Sebastião


Sobe e desce

Sempre lembro daquela história da tempestade de neve do filme Sonhos, do Kurosawa, quando passo por estes perrengues.. nada naquela magnitude do filme, mas cada um com seus limites.

No camping consegui um desconto para 10 reais a noite e conversei com um casal que também curtia fazer uns pedais e trocamos figurinhas sobre trilhas em São Paulo.

Propaganda gratuita para a Telefônica


Desci até uma padaria/bar que ficava ali perto e conheci o Bidu.. que devia ser o bêbado local. Bidu veio na minha mesa e disse que conseguia ler os pensamentos e entrar na mente das pessoas, graças a uma técnica de aperto de mão que tinha desenvolvido. Conseguiu dizer q eu era do sul do país e que eu estava acampado ali perto.. genial Bidu.

Após comer algo e ouvir as histórias do Bidu, subi para o camping e capotei. Acordei um pouco mais tarde com uma galera tocando RPM no violão. Peguei os protetores auriculares e o problema foi resolvido...



Dia 03/04/2009


São Sebastião – Ubatuba (80km)



Acordei as 6:20hs, desmontei a barraca, comi alguma coisa, fiz os alongamentos, me despedi do pessoal do camping e peguei a estrada as 8:00hs.

Estava bem disposto e renovado depois de uma boa noite de sono e sabia que teria apenas 80kms até Ubatuba, então fui tranquilo apreciando a paisagem e a vida local.

Parei para bater umas fotos de São Sebastião e conhecer um pouco mais da cidade, que achei bem interessante, numa próxima viagem pretendo passar alguns dias em Ilhabela.


São Sebastião

Pouco tempo depois estava em Caraguatuba, andando pela ciclovia na beira da praia. O sol começava a aparecer e parei para passar protetor solar e comer algo.

Ciclovia


Ontem, quando tive acesso a um espelho no banheiro do camping pude ver minha testa, que apresentava duas linhas/marcas de sol: os raios solares passavam pelos buracos do capacete e marcaram minha testa., parecendo dois chifres. Agora além de ser o maluco da bicicleta, eu era o maluco da bicicleta com chifres.

No final da praia do centro de Caraguatatuba parei para bater umas fotos no mercado de peixes e conheci o Sr. Alberto, que veio falar comigo. Ele já tinha vivido em Paraty com um barco e me contou das histórias de LSD na década de 80... um figura. Agora estava aposentado e era soropositivo, contou que os amigos dele já tinham morrido pq não se trataram da doença mas que ele continuava firme e forte batalhando.
O caminho até Ubatuba era praticamente plano, com algumas subidas e descidas, mas nada com um aclive muito acentuado. Segui pedalando até aproximadamente meio dia e parei para comprar pão e comer com uma lata de atum que carregava comigo.

Caraguatatuba

 
Descansei por umas duas horas a beira da Praia da Lagoinha, troquei uma idéia com uma galera de banhistas e segui o caminho.

Refeição balanceada


As 15hs cheguei em Ubatuba, na Praia Grande. Começou uma fina garoa.. e eu procurando um camping e nada... as pessoas também não conheciam nenhum. Até que um Sr. veio me abordar de moto, perguntando se eu tava procurando pousada. Disse que procurava camping e ele disse que pelo preço do camping eu podia ficar numa casa que ele estava alugando.. por 30 reais.. eu chorei um pouco e consegui que ele fizesse por 20 e segui até a casa.

Marina em Ubatuba

A casa era legal, tipo um edícula da casa dele, do Sr Luiz, o problema era que era um pouco afastada do centro e estava chovendo muito. Mas tinha fogão, banheiro, muito espaço e principalmente um teto que protegia da chuva. Tratei de tomar um banho, cozinhar um belo rango e fazer uma limpeza na bike. Depois fui conversar com o Luiz que já era um argentino ex dançarino de danças gauchescas e tango, que já tinha viajado muito e agora estava morando em Ubatuba com sua mulher. O mais incrível era que ele conhecia Xanxerê-SC, a cidade que nasci. Na casa dele tinha fotos do passado como dançarino e triatleta... e ficou contando histórias sobre as competições e subidas e descidas pela Tamoios. Hoje em dia ele tinha parado com estes esportes e somente praticava Xadrez... era o campeão de Ubatuba da terceira idade. Depois de jogar conversa fora por um bom tempo e comer um belo bolo de fubá, fui pro quarto dormir.. ou tentar.

Deitando na cama comecei a sentir uma coceira grande.. acho que os lençóis ou o colchão me deram algum tipo de alergia. Abir meu isolante e deitei no chão e dormi.. mas logo depois fui acordado por uma horda de mosquitos.. fiquei umas duas horas me revirando sem conseguir dormir direito, tentando bolar estratégias para tentar matá-los ou abstrair da sua presença. Até que resolvi montar a barraca dentro do quarto... e pronto. Agora estava lá dentro rindo dos malditos..


Me ataquem agora?! Malditos!
 
Domingo (Páscoa) 04/04/2010
Ubatuba – Paraty (75km)
Consegui ter uma boa noite de sono dentro da barraca, livre de pernilongos e da coceira dos colchões. Acordei as 7:30 sentindo um pouco as pernas do dia anterior, desmontei o acampamento, me alonguei, comi alguma coisa e fui entregar a chave da casa para o Sr Luis.
O tempo deu uma bela trégua: passou a noite inteira chovendo e quando eu acordei parou por completo. Assim consegui pendurar minha toalha na bicicleta, e secá-la durante a viagem.. já que havia deixado ela cair no chão do chuveiro. (Uso uma toalha de rosto como toalha de banho para carregar menos peso qndo vou pra algum lugar quente).
Toalha secando
O acostamento estava bem ruim, fazendo com que tivesse que andar na pista de rolagem e ir para o acostamento quando houvesse necessidade.
Se o acostamento não era dos melhores, o visual compensava.. este foi o trecho mais legal de toda a viagem. Muitos morros, mas nada muito íngreme, com bastante vegetação e muita umidade vindo dos morros e da mata.
Uma de muitas praias do caminho...
Rio Picinguaba
Este trecho também é o menos povoado do percurso, praticamente só existem alguns povoados entre Ubatuba e Paraty. Parei em algumas praias praticamente desertas e descansava por lá..
Pra chegar na divisa entre o SP e RJ tem um morro bem longo, mas não muito íngreme. Lá existe uma cachoeira e dois bares pra comer algo.
Renatim também esteve ali...
Depois há uma bela descida e o visual fica cada vez melhor. Passei pela entrada de Trindade e resolvi ir adiante, pois estava começando a garoar.
Acesso à Trindade
Procurei abrigo em um ponto de ônibus, e a garoa se transformou em duas horas consecutivas de chuva forte. Enquanto estava esperando comi o resto de comida que tinha, conversei com um pastor que estava esperando o ônibus e consegui filmar uns takes bem legais ajustando o shutter da câmera.

 No ponto de ônibus, esperando a chuva passar
Chuva  
Já eram 3hs da tarde e o tempo deu uma melhorada, então segui meu rumo e em breve estava em Paraty, porém embaixo de chuva. Acredito que tive muita sorte, pois neste mesmo dia choveu tanto no Rio de Janeiro e Niterói que ocorreram vários desabamentos de casas.
Depois da chuva
Chegando em Paraty
Paraty
Estava em dúvida entre ficar num camping na praia do Pontal ou Jabaquara, acabei optando pela praia do Pontal depois de conseguir um desconto com a Dona Branca, a dona do camping.
Essa Telefônica...
Fui até a praia e tomei um banho de mar, estava me sentindo muito bem. Depois de tomar um banho quente no camping fui comprar comida, jantei e fiquei tomando umas no centrinho durante a noite.
 Praia do Pontal
Na volta ainda passei no mercado pra comprar repelente contra mosquitos, pois tinha cometido o erro de sair de casa sem ele, e a passagem de ônibus pra voltar. O pessoal da Reunidas Paulista disse que eu precisava da nota fiscal da bike e a bike com as rodas e a corrente embalada, para não sujar a bagagem dos outros passageiros.
Segunda Feira 05/04/2010
Paraty (45km)
A noite foi tranqüila e acordei bem revigorado, Meus tênis estavam uma poça d’água e passei o dia de chinelo. Logo de manhã fiz dois miojos e sai para fazer um breve pedal na região.
 Fazendo miojo..
Fui até a praia do Jabaquara e parei para filmar um pouco a região. Estava calmo e tranqüilo, filmando, quando sinto uma coisa estranha no meu pé.. depois duas, três... e olhei para baixo e vi que tinha pisado em cima de um formigueiro. Maldição do inferno.. tava com o pé todo cheio de mordidas de formigas. Acho que desde que eu tinha uns 12 anos eu n pisava em cima de um formigueiro.. e comecei a lembrar que rolava umas bolhas e uma dor bem desagradável. Na hora nem incomodou mto, mas foram 18 mordidas que contei (as mordidas vieram me incomodar dois dias depois, quando estava em são Paulo.. usando tênis e meia).
 Jabaquara
Saindo do Jabaquara
Resolvi seguir até a BR-101 e voltar até Paraty por ela. No caminho comprei 4 metros de papel bolha para embalar a bike e uma fita adesiva.
Passei numa agência de turismo que alugava bikes e pedi informações sobre trilhas e afins. Falaram que eu precisava alugar uma bike para ter direito aos mapas... mas na real os mapas estava expostos na parede da loja e deu pra ver os trajetos.. tudo bem tranqüilo e fácil de encontrar.
 Paraty
 Canal
Igreja
Passei em casa e coloquei uma roupa para pegar chuva: bermuda e camisa, e segui rumo a Praia Grande.
O caminho era legal, porém com o acostamento bem precário. E uns 10km adiante cheguei. Praia Grande é uma vila de pescadores, bem pacata e tranqüila. Comi umas bolachas que levava comigo e descansei um tempo ali. Depois dei mais uma volta pela região.
 Praia Grande
Praia Grande
Na volta peguei muita chuva, mas chuva boa... estava bem feliz em estar pedalando na chuva. Parei na praia e fui tomar um banho nas águas quentes do mar de Paraty.
 Igreja em cima do morro da Praia Grande
Voltei para o camping e troquei uma idéia com o pessoal, arrumei minhas coisas e levantei acampamento.
Na rodoviária foi tudo ok. Cheguei quase na hora de embarcar e embalei a bike com o papel bolha. Mal e porcamente, mas embalei. Como estava meio atrasado os caras nem pediram nota fiscal nem nada. E consegui amarrar a bike para ficar bem presa no bagageiro.
A viagem de volta foi tranqüila e chegando no Tietê montei a bike e como já eram 23hs e estava chovendo, resolvi ir de metrô até em casa.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bike na Cow Parade 2010 - 3º dia - 18/03/2010

Acordamos às 8:00hs para fazer o último dia do percurso das vacas da Cow Parade 2010. Tínhamos somente até o meio dia para completar o percurso, já que eu precisava trabalhar à tarde.
A primeira vaca que procuramos foi a do Parque do Ibirapuera, na verdade já tinham recolhido a vaca. Era uma vaca que ficava de ponta cabeça, sempre via ela quando pedalava por ali.. os seguranças falaram que era um absurdo uma vaca de ponta cabeça e achavam que por isso recolheram ela..  de qualquer forma encontramos as outras duas do parque. Uma que a galera chutou o pau do barraco e pichou a vaca inteira e outra com cestos para reciclagem.
 Ibirapuera #1

Ibirapuera #2

Seguimos para a Floriano Peixoto, encontramos mais duas vacas e uns seguranças querendo zelar o patrimônio contra os ciclistas ameaçadores.
 Floriano Peixoto #1

Floriano Peixoto #2

Ainda no Itaim passamos por mais uma vaca na João Cachoeira e outras em um posto no cruzamento da Juscelino com a Clodomiro Amazonas.
João Cachoeira
Juscelino

Chegamos na Faria Lima e mais três vacas por lá. O passeio de hoje não foi tão bom quanto o dos outros dias, talvez por eu ter que trabalhar mais tarde, pelo trânsito, pela região ou tudo isso junto.
 Faria Lima #1

 R. Lopes Neto

Faria Lima #2

Seguimos até a região do Parque do Povo, e a vaca que teoricamente devia estar num posto ali, já tinha sido retirada.
 Vaca Imaginária

Na Rua Amauri encontramos mais um bovino do Estado de São Paulo.
 R. Amauri

Descemos até a Rua Seridó e encontramos uma vaca tirana, com seus escravos erguendo mais um edifício na cidade..
 R. Seridó

Andamos um poco pela marginal, fomos parar na Rebouças e voltamos para o shopping Iguatemi para um monte de vacas.
 Shopping Iguatemi
Shopping Iguatemi

Passamos pela regiao da Av Europa e encontramos mais três vacas, e retornamos para casa.

Av Europa


Av Brasil

A tarde passei pela Oscar Freire e completamos todas as vacas da Cow Parade 2010.



Oscar Freire

Jovens arruaceiros

Foram três dias com mais de 160 kms em diversas condições de clima e trânsito. Conhecemos lugares que dificilmente passaríamos e vimos uma São Paulo bem diferente do que conhecíamos. Quanto a Cow Parade... é somente uma forma de fazer propaganda das marcas patrocinadoras..