Dia #20 (11/07/12) Stikkshoulmour
– Borgarnes (de ônibus)
Acordei cedo, o ônibus partia as
8:15 pra Borgarnes, de onde devo seguir pela Ring Road até o final do
trajeto. Arrumei as coisas a tempo e parti pro posto de gasolina esperar o
busão.
Chegando lá, esperei por uns 15
minutos, ai fui conferir os horários numa tabela.. e o único dia da semana que
o ônibus não passa é hoje, na Quarta Feira!
Fiquei sem saber o que fazer por
alguns instantes, pois o próximo ônibus somente iria partir às 17hs. Sem muita
opção, pois não queria pegar estradas sem asfalto.. e mesmo pegando estas
estradas iria levar muito mais tempo do que esperar até 17hs. No final das
contas, fiquei no campo de golfe editando umas fotos e fazendo backup das
fotos.
Pra pegar o ônibus foi tranquilo,
custou cerca de 100 reais com a bike e fizemos uma troca de ônibus no caminho.
A viagem levou cerca de 1h.
Em Borgarnes o pessoal do hotel
já me conhecia e me receberam muito bem. Tinha um cara de Israel muito gente
boa, ficamos trocando uma ideia por um tempo e fui para o quarto.
Estava bem cansado e não demorei
muito para dormir. No quarto tinha um professor americano que vive em Amsterdan
e uma mina da Áustria.
Dia #21 (12/07/2012) Borgarnes –
Reyklid (105kms)
Acordei antes de todo mundo, o
quarto estava muito quente e com uma mosca fazendo um barulho irritante. Isso é
algo bem comum aqui, de manhã é muito quente quando o sol começa a ficar forte
e a diferença de temperatura com a noite é tão grande que você acaba acordando
todo suado de calor.
Tomei um banho, comi um macarrão
e segui viagem. Na saída da cidade passei para comprar um óculos barato, já que
sempre perco meus óculos e já é o segundo que perco na viagem.
O caminho foi muito bonito e o
vento não estava tão forte, estava contra (como sempre) mas dava pra manter
uns 18kms/h de boa. Tentei acelerar o máximo o pedal, pois sabia que de tarde o
vento ficaria muito forte.
Antes de subir
Parei para tomar um café numa
espécie de universidade no meio do nada, não entendi direito o que era aquele
lugar, mas tinha um café bom.
Os próximos 50 kilometros foram
subindo as montanhas, sem ver nenhuma casa ou posto de gasolina, desolação
total. O trânsito ficou forte lá pelo meio dia, mas nada demais, já que os
motoristas costumam esperar para te ultrapassar.
A subida foi muito cansativa, mas
o visual era incrível. Quando cheguei no topo da montanha dava pra ver um
glaciar gigante do lado.
50 kms de subida
Para descer foi tranquilo, a
principal atenção que precisei ter foi em relação aos caminhões, que fazem um
vácuo que as vezes pode te derrubar. Depois de 50 e poucos kilometros cheguei
num posto de gasolina, onde parei para abastecer de água, que havia acabado
na montanha.
Os 13kms finais foram muito
difíceis, com o vento contra a mil, mantendo uma velocidade média na bike de 8kms/h. E
faltando 4kms pra chegar na vila onde planejava dormir aconteceu algo que nunca
poderia prever: o aro de trás, um Alex Rims para downhill abriu. Não acreditava
no que estava acontecendo, a roda travada no freio e o aro aberto, cada vez abrindo
mais.
Precisei soltar o freio de trás e
assim consegui fazer o restante do trajeto até a vila, onde esperava encontrar
um soldador para prosseguir viagem pelo menos até Akureyri, onde pordeia trocar
o aro.
Super aro - aberto
Cheguei na vila e encontrei um
albergue da juventude (no meio do nada) e consegui ficar num quarto sozinho por um preço menor do
que o do dormitório. A dona falou com algumas pessoas a respeito do aro, mas
parece que somente em Akureyri vou encontrar um soldador ou uma roda nova.
Foi um banho de água fria, pois
estava gostando muito de pedalar nestes dias e não queria pegar um ônibus, mas
tem coisas mais fortes que a gente.. na verdade muitas coisas. Então amanhã
devo seguir via ônibus até Akureyri.
No hostel conheci um casal de
holandêses que estava viajando pela Islândia em um 4x4. Eles conseguem chegar em lugares que seriam muito difíceis de chegar com
uma bike, ainda mais carregada como a minha está. Mas em compensação estão
fazendo uma coisa super rápida, sem tempo de assimilação, segundo eles.
Creio que estou aprendendo muito
nesta viagem. Pois nunca aconteceu tantos percalços em uma viagem de bike como
esta. Aguentei a Estrada Real numa boa, somente com uma corrente quebrada por
causa da lama, que era absurda, mas nada demais. E aqui, com asfalto e sem lama
tudo está quebrando. Ainda bem que para estas coisas existe sempre uma
alternativa.
No final da noite fui até a praia
fazer um time lapse. Na verdade estou batendo as fotos neste exato momento,
enquanto escrevo este post para o blog.
Então amanhã, para resolver os
problema da bike.. Akureiry, de ônibus.
Dia #22 (13/07/12) Reyklid –
Akureyri (de ônibus)
Preparei um miojo no café da
manhã e segui para a estrada, para esperar o ônibus.
Na noite passada estava tão
cansado que dormi com a roupa do corpo, pois estava com preguiça de
pegar o saco de dormir.
O ônibus chegou, e com ele a
facada.. 170 reais para ir até Akureyri com a bike. O caminho é interessante,
tem umas montanhas muito bonitas.. uma pena que não deu para percorrer este
trecho de bike. O lado positivo foi que o vento estava matador.. e contra.
Durante uma parada aproveitei
para comprar 1.5L de leite e um pacote
de bolachas Maryland.
No ônibus conheci uma alemã e
ficamos conversando durante a viagem. Ela estava trabalhando no hostel, no sul
do país, e agora estava viajando de férias para conhecer o resto do país. É
interessante como as pessoas na Europa viajam, creio que é algo semelhante com
uma viagem pelo Brasil para nós brasileiros, pois tudo é tão perto e relativamente
barato para conhecer.
A trip levou cerca de 3hs, em
Akureyri estou no Albergue Backpackers. Tem bastante gente por aqui.. mas o pessoal não se mistura muito, ta todo
mundo aqui no salão do hostel com seus laptops, cada um no seu mundinho,
inclusive eu. O Hostel deveria fazer um chat online pras pessoas se conhecerem...
A cidade é bem turiística, tem uma
infra boa e tal. Parece um pouco Ushuaia, mas Ushuaia é bem mais legal.. é
turística, porém única.
Logo que cheguei no hostel fui
atrás da roda da bike.. tem um senhor aqui que tem uma bicicletaria, bem grande
na real, mas com coisas muito simples... a única da cidade. Ele não tinha uma roda para V-break com
32 furos, porém tinha uma para freios a disco.. fiquei com essa mesmo. Na real
não muda muita coisa, só que ela freia diferente da outra, pior na real. Mas
deixei o freio bem regulado, que ta melhor do que a dianteira. Pra quem não
sabe, na bicicleta o freio que realmente importa é o da frente.. creio que faz
uns 70% do trabalho.
Acabei trocando o pneu que tava
usando na frente e coloquei ele na roda traseira.. 26x1.95 atrás e comprei um
1.5 para a roda da frente. O pneu de kevlar vai virar reserva de novo, de onde
nunca deveria ter saído. Tava vendo o estado do pneu de kevlar, peguei muito piche no asfalto e um monte de pedras grudaram no pneu, talvez uma tenha entrado entre o freio e a roda e quebrado o aro.. to só especulando, pq não entendi como pode ter quebrado o aro daquela forma, e do nada.
Um lance muito bizarro que rolou
foram os gases do dono da loja. Tinha mais 2 moleques ajudantes com ele, e ele
não sabia falar inglês, somente os moleques. Ele falava, os moleques traduziam,
ai ele soltava um gás mortal, os moleques vazavam e ficava somente eu e ele. Um
olhando pra cara do outro, até que o cheiro chegava até mim e eu vazava também.
O velho devia ter algum problema, ou algo assim, pois era muito natural as
rajadas dele e os molques saindo pra longe.
Me perdi para voltar e estava um
frio com vento dos infernos. Depois levei mais uma meia hora pra encontrar um
mercado e comprar a base da minha alimentação na Islândia: macarrão, sardinha
(uma sardinha diferente, defumada ou algo assim), pesto, pão, manteiga de
amendoin Peter Pan e bolachas Maryland. No Brasil acabo comprando sempre as
coisas do mercado “Dia %”, é barato e tem tudo.. até yakult, amandita, frango e
sabão em pó do Dia %. Aqui o mercado é o “Bónus”, que o símbolo é um porco,
típico de cofrinho. Eles também tem algumas coisas, mas quero ver fazerem um
yakult como o Dia% faz.
Mas é impressionante como to
cansado hoje. Esse lance da bike drenou muita energia e depois que consegui
resolver parece que veio todo o cansaço acumulado.
Dia #23 (14/07/12) Akureyri
Imagina alguém cansado.
O dia de hoje não teve grandes
eventos, fiquei no hostel comendo e dormindo. Tava muito cansado pra fazer
qquer coisa e aproveitei para repor as energias. Creio que ontem, depois q
arrumei a bike, veio todo o stress acumulado hoje, é interessante como o corpo
da gente se comporta, pois ele viu que hoje eu podia ficar de bobeira e
utilizou este dia.
A tarde passei no Jardim Botânico
da cidade, fiquei bem decepcionado. Imaginava milhões de flores e cores.. mais pareceu
uma horta caseira que um jardim botânico, mas pra Islândia.. ta valendo.
Jardim Botânico #1
Jardim Botânico #2
Arte na rua
O resto do dia fiquei matando
tempo no computador e dormindo. Sem mais por hoje.. um dia sem muitos
atrativos, mas totalmente necessário.
Dia #24 (15/07/12) Akureyri – Godafoss (50kms)
Uma coisa sobre Akureyri que senti, foi uma sensação de que
eu nao estava lá. Parece que os trejetos pedalados não são vividos, fica uma
coisa meio vazia.. somente o fim importa, e não o meio.
Levei algum tempo para arrumar minhas coisas e parti, sem
pressa, para Godafoss.. que é uma cachoeira.
O vento estava contra e havia algumas montanhas, mas estava
pedalando bem e contente pela bike estar ok.
No caminho, antes de uma grande montanha, parei para tomar
um café. O dono do lugar disse que pedalar a noite pode ser uma opção contra o
vento.. já que ele diminui bastante la
pela meia noite, e volta a ficar forte depois do meio dia. Quem sabe eu utilize
esta técnica mais para frente..
Quando estava subindo a montanha encontrei a Sonia, que
pedalou comigo nos primeiros dias. Foi muito legal encontrá-la e ficamos dando
risada por um bom tempo na estrada. Ela falou que precisou pegar muitos ônibus,
para fugir do vento na costa sul / leste. E andei vento a previsão dos ventos,
creio que talvez tenha que fazer o mesmo, pois tem ventos de 160kms/h
previstos. Outro fato interessante que ela comentou, foi sobre um casal que tinha começado a pedalar
conosco, mas eles desencanaram do pedal e resolveram alugar um carro... ficaram
assustados com o vento.
Run to the hills - saindo de Akureyri
Após uma despedida, segui viagem, rumo ao topo da montanha.
Lá em cima encontrei vários ciclistas empurrando a bike, e todos fazendo o
caminho contrário ao meu. O assunto com qualquer ciclista aqui é sempre o
mesmo: o vento.
Finalmente o vento deixou de ficar contra e aproveitei uns
20kms com ele ao meu favor.. tinha me esquecido que pedalar também tem esta
coisa boa de ser ajudado pelo vento!
Cheguei em Godafoss e fiquei impressionado com a beleza do
local.. e também com a quantidade de turistas lá! Aproveitei o tempo e fui
arrumar minha barraca, preparar o almoço e dar uma dormida, pra ir visitar a
cachoeira a noite, quando tiver menos pessoas.
Acampamento montado em Godafoss
Pela primeira vez fiquei meio triste na viagem, não sei o
que deu, mas ficar na barraca esperando o tempo passar não foi legal. Então
resolvi sair pra fotografar, com gente no local mesmo.
Fiquei umas quatro horas fotografando, utilizei muito o
tripé e um filtro para escurecer a lente e poder deixar a exposição mais longa.
Gostei do resultado, e apesar do frio e do vento lá.. fui a última pessoa a
sair de Godafoss:
Dia #25 (16/07/12) – Godafoss – Reykjahild (lago Myvatan)
58kms
De manhã conheci um casal de Hong Kong, que estavam de jipe
pela Islândia. E acampando para ter uma sensação da vida rústica. Fiquei
surpreso quando o cara falou isso. Ele me contou um pouco da vida dele, que é
totalmente diferente disso daqui. E assim ele conseguiu se sentir um pouco mais
vivo, nem que seja por apenas 8 dias, como ele disse.
O caminho foi tranquilo, estava pedalando muito bem e a
paisagem era maravilhosa, porém com muitas montanhas. Chegando no lago a beleza
do local impressiona.
Saindo de Mývatn
Camping - Mývatn
Auto-Retrato
Após 50kms cheguei no camping, Reykjahild. Lugar bem sujo,
com uma cozinha bem fuleira... por isso cobram mais caro. Também diziam que
tinham internet, mas não tem. Tive que ir até uma estação de banhos quentes
para consegui conectar e dar notícias para todos.
Pensei em sair e bater umas fotos, pois o tempo está bom,
mas to cansado e quero ver se hoje reponho mais forças, pois amanhã não pretendo pedalar.. mas os dois próximos
dias serão duros.
Dia #26 (17/07/12) Reykjahild (20kms pelo lago)
Dormi muito bem, umas nove horas, e acordei meio baqueado de
tanto dormir.
Encontrei no camping a Elisabeth, que é uma mulher que
dividiu o quarto comigo em Akureyri. Tomamos um café da manhã e conversamos um
pouco, ela é uma figura.. ja correu o mundo todo.
Peguei a bike e saí sentido Dimmuborgir, que é um sítio com
lava sedimentada e com umas formações bem exóticas. Para mim, Dimmuborgir
sempre foi uma banda, agora é outra coisa também.
Segui caminho para a cratera de um vulcão. Foi uma
experiencia forte ficar ali, olhando tudo aqui.. um silêncio absurdo, fiquei
imaginando como devia ser a explosão daquilo. Momento único da viagem. Fiquei
impressionado com o tamanho da coisa toda, pois nem utilizando lentes de 10mm
consegui enquadrar toda a cratera.
Dimmuborgir - estrada de terra e caminho para cratera
Dimmuborgir
Cratera
Isso também é algo que não sei se já comentei, minhas
lentes... estou apenas com uma 10-20mm e um 50mm, mas como meu sensor é cropado
deve ser algo em torno de 75mm. A tele 70-300mm parou de funcionar além da
abertura f/5.6 e a lente do kit 18-55mm abriu e não funciona mais. Então estou
apenas com extremos, ou grande angular, ou uma meia tele. Sinto falta de 35mm,
Pra enquadrar legal as paisagens e tal.. mas é algo que vou ter q aprender a
viver.
Estava cansado, e fui para o camping cozinhar.. o calor
estava muito forte no sol, e na sombra era frio. Depois de comer fui dormir na
barraca, no calor insuportável.. mas rolou.
Acordei e fui comprar leite e uns iogurtes, pra ter um pouco
de proteína e não perder tanta massa magra na viagem. Segui para o spa para
usar a internet, mas não estava pegando, creio que por causa das nuvens nas
montanhas.
Em Dimmuborgir
O dia de amanhã me preocupa um pouco, pois não consegui ver
a previsão do tempo.. e do vento. Se tudo ocorrer de forma maravilhosa vou
conseguir fazer os 165kms que preciso pra chegar até a próxima cidade. Caso
contrário, tem um camping a 37kms daqui, outro a mais 37kms, outro a mais 50kms... então as distâncias que
posso fazer são: 37, 72, 120 e 165 kms. O difícil é que não ha nenhum posto de
gasolina ou suporte sem ser esses campings.. e estou na area mais seca do país,
a agua pode ser um problema por aqui...
Agora estou coneseguindo conectar, por um celular dum figura
daqui do spa, mas a conexao é muito lenta.. mas deu pra ver a previsão do
vento.. creio que nao vai estar totalmente a meu favor, mas tambem não vai ser
vento frontal.. o que é uma beleza!
A noite fui fazer uma janta na tenda do camping, uma
italiana veio falar comigo: “Pesto e fussili! Isso é tão italiano!!”. Foi legal, eu tentando falar portunhol e ela italiano... no final deu tudo certo.
Dia #27 (18/07/12) Myvatn – Uma pequena vila sem nome –
115kms
Despertei às 7:00am. Estava um dia feio, cheio de nuvens..
mas não havia muita previsão de chuva. Depois de tomar um breve café da manhã
(comi pão, não tava com muito estômago para um macarrão), saí de bike pela Ring
Road. Pensei em comprar água numa venda da cidade, mas o comércio somente abria
depois das 10am. Então resolvi sair sem, como sabia que havia muitos carros
trafegando (apesar de não ter pontos de apoio na estrada) caso eu ficasse sem
água era só parar um carro e pedir água.
Sabia que o trajeto seria difícil, uma das regiões mais
áridas da Islândia e sem nenhum posto de gasolina ou qualquer casa no caminho..
e foi assim.
Logo que saí do lago passei por um campo de um tipo de lama
quente, que ficava eclodindo do solo. Fiquei um bom tempo ali, batendo fotos e
admirando. Nunca tinha visto nada igual, é um daqueles momentos que vão ficar
sempre na nossa memória.
Deu uma reanimada ver aqueles campos, e segui o pedal...
conforme ia pedalando a paisagem ia ficando cada vez mais desértica. Chegou num
momento que achei que estava na lua, pois era tudo tão árido, sem nenhuma
vegetação. A paisagem tinha um tom de cor que nunca vi antes, precisava tirar
os óculos escuros pra apreciar tudo aquilo.
Numa dessas paradas, no topo de uma montanha, havia um
mirante com vários carros estacionados, aproveitei e abasteci minhas caramanholas
com água... que ganhei de uns espanhóis.
O vento estava bem tranquilo até então, mas depois de 70kms
deu uma engrossada. Foi rock and roll... na parte mais alta do percurso ele
virou contra e veio me atazanando. Tem uma técnica que sempre faço quando
pedalo na ciclovia do Rio Pinheiros em São Paulo: pedalar com o rosto olhando
para o lado... faz com que você não ouça o vento.. e ainda consiga ouvir a
música dos headphones. Claro que o vento atrapalha, mas eu acho que na maioria
das vezes ele é mais pisicológico do que real... é o baralho ensurdecedor dele
que te atrasa, que faz você pedalar mais devagar.. que fica toda hora dizendo
“eu estou aqui te atrapalhando!”. Comigo pelo menos é assim. Se você deixa de
ouvir o vento, parece que ta em uma subida ou algo assim.
Não foi tão forte, nem perto, do vento que peguei na
peninsula.. este estava pedalável.. era somente o barulho ensurdecedor dele,
somado com aquele deserto que me abalou.. e perdi um pouco do rendimento da
pedalada. Não tinha muitas subidas acentuadas, mas todo o trajeto de hoje foi na
maior altitude que já pedalei por aqui.. entre 450 e 600 metros.. o que é bem
alto para a Islândia. E praticamente somente com tons ocres e cinzas.. e sem
nenum verde.
Conforme ia me afastando a vegetação rasteira começava a
aparecer.. e fui ficando mais tranquilo. Agora que estou quase confortável
dentro da barraca dá pra analisar melhor.. o ambiente que você está influência
muito em como você pedala, pode não ser o mais difícil, mas o simples fato de
não existir vida – somente milhares de mosquitos que ficavam ao meu redor e
insistiam em entrar no olho – faz você perder o rendimento.
Ponte, que é somente para atravessar
Andei pensando também sobre o aro quebrado, esses dias
atrás. Pensar é o que a gente faz numa viagem dessas. Como isso pode ter
acontecido? Um aro de downhill, o mais resistente de todos, (100 contos!)
quebrar no asfalto sem buraco? Não sou uma pessoa religiosa, mas acredito que o
mundo gira em uma sintonia.. todos fazemos parte deste planeta e é preciso
haver uma harmonia, um equilibrio.. e isso a gente não entende como funciona
(pelo menos eu não). E andei viajando que fui eu, que quebrei o aro pra
prosseguir a viagem. Pois precisava muito dar um tempo para minhas pernas e
corpo depois daquele dia.. e somente no último momento o aro quebrou, quando eu
estava praticamente no destino final do dia. Se o aro não tivesse quebrado, eu
teria pedalado no dia seguinte, e no outro também.. e teria sido um esforço absurdo. Creio que a
energia do meu pensamento ou do meu corpo, ou algo que não consigo explicar
quebrou o aro pra me manter com forças na viagem. Ou estou viajando demais
nessas coisas (que é o mais provável) e o aro quebrou porque era ruim!
Na vila tinha um camping bacana, 1000 kronas, o que deve dar
uns 16 reais. Este é o preço dos campings por aqui.. entre 1000 e 1500 kronas.
E este tinha uma piscina térmica, que aproveitei pra tomar um banho.
Peguei chuva durante o dia, o povo daqui chama de chuva, mas
é uma garoa constante.. o que é muito comum nas montanhas e regiões altas do
país. Dá pra ver de longe, quase toda a montanha tem uma nuvem negra ao redor.
Falando em montanha, hoje avistei um dos maiores vulcões da região o ASKJA,
fiquei um tempo olhando para ele.. uma montanha bela e grandiosa. Escalar estas
montanhas deve ser algo sem palavras, admiro muito este povo que pratica
alpinismo.
Já que estou falando sobre alpinismo, continuei a ler o livro que comprei no aeroporto do Rio de Janeiro.. K2 – Vida e morte na montanha mais perigosa do mundo. Comprei esse livro pra ler uns relatos e fazer minha viagem de bike parecer um passeio no parque. Essa galera da alta montanha é absurda. O livro conta as histórias do K2, a segunda maior montanha do mundo e talvez a mais perigosa... e deparei com uma frase muito bacana: O cume é opção. Voltar é obrigatório.
Askja (eu acho que é.. não tenho certeza, mas é uma bela montanha)
Já que estou falando sobre alpinismo, continuei a ler o livro que comprei no aeroporto do Rio de Janeiro.. K2 – Vida e morte na montanha mais perigosa do mundo. Comprei esse livro pra ler uns relatos e fazer minha viagem de bike parecer um passeio no parque. Essa galera da alta montanha é absurda. O livro conta as histórias do K2, a segunda maior montanha do mundo e talvez a mais perigosa... e deparei com uma frase muito bacana: O cume é opção. Voltar é obrigatório.
Amanha sigo para Egilstandir, que deve ser uma pequena
cidade com pelo menos um mercado e possivelmente uma conexão de internet. São
50 kilometros, e pretendo sair cedo, pois sei que nestes próximos dias haverá
uma tempestada de vento.. ou um vendaval, como diria minha vó.
Dia #28 (19/07/12)
Uma pequena vila – Egilsstaðir (52
kms)
Uma garoa, que durou toda a noite, extendeu-se até minha
partida. Tomei um café da manhã de bolachas Maryland com manteiga de amendoim. Simples,
mas honesto.. (na verdade era a única coisa que tinha, além de miojo).
O caminho foi mais uma longa subida, com vento contra. Saí
cedo, 9:45am, mas queria ter saído um pouco mais cedo, pra pegar menos vento.
Já estou com alguma agilidade pra organizar as coisas na hora de partir. Mas
sempre leva em torno de 1:30 até 2hs pra deixar tudo pronto, inclusive pra eu
entrar no tranco.
Rio - no meio do caminho
Depois de uns 30 kms veio uma bela descida. E com o vento
quase a favor.. fiquei super feliz e não demorei muito para chegar até um café
próximo de Egilsstaðir.
Fiquei umas quatro horas ali, comi um bolo e tomei um café. Uma coisa
interessante da Islândia é o café refil. Voce paga cerca de 5 reais pelo café..
mas pode tomar o quanto quiser, inclusive encher sua térmica. Neste período
atualizei o blog e editei umas fotos.
Egilsstaðir
Mais 4 kms estava em Egilsstaðir, num
camping bem bacana e com um mercado bem próximo. Aproveitei o resto do dia para
editar mais umas fotos e planejar o roteiro para os próximos dias.
Vou fazer uma pequena modificação.. irei amanhã bem cedo (teoricamente)
para o litoral. Pegarei 19 kms de
estrada de chão para evitar fazer mais 65 kms no dia seguinte.. e portanto
ganhar um dia de viagem. Meu pneu dianteiro é slick, mas creio que vai aguentar
o tranco, mesmo que eu precise empurrar por todo o trajeto, vai ser uma boa
este trajeto. Portanto não irei para Breidalsvik e sim direto para Djupivogur.
Assim posso ir para a próxima cidade no dia seguinte e quem sabe ficar por lá
por uns 3 dias, enquanto vai durar a tempestade de vento. Que deve começar no
Domingo...
Dia #29 (20/07/12) Egilsstaðir – Dipovordur (85kms)
Despertei as 5:30am. Queria evitar o vento, que iria ser contra o dia
inteiro. Parecia ser uma boa ideia, mas o vento ficou forte e contra o tempo
todo. Somente quando cheguei no destino final ele parou... parecia estar
brincando comigo.
A velocidade média que estava fazendo era de 9kms/h. Mas estava
gostando de pedalar, tinha aceitado o fato do vento estar contra e tentei
aproveitar o máximo o pedal. A chuva
também me acompanhou por quase todo o trajeto, até o topo da montanha.O cenário era muito diferente, as montahas, uma nevoa e o gelo... faz a gente se sentir pequeno diante de tudo aqui, mas ao mesmo tempo fazendo parte disso tudo.
Pedalei por cerca de 40kms, então veio a estrada de terra, ainda na Ring
Road. Apesar de ser de terra, estava com terra bem firme e quase sem
pedras.. estava como se fosse um
asfalto. A dificuldade que tive foi na subida da cordilheira, que deveria
superar para chegar até o litoral novamente.
Estrada de terra
A subida foi bem íngreme, com um aclive bem acentuado, como já tinha
previsto no www.bikemap.com . Foram cerca de 20kms subindo. O tempo
estava bom, e conforme subia ficava mais próximo das nuvens e do frio. Foram
apenas 540m de ascensão, mas para a Islândia isso é muita coisa. Como estava
com as pernas bem cansadas dos outros dias, empurrei a bike em quase todas as
subidas difíceis.
Lá em cima tive um dos ápices da viagem, foi muito bom estar ali e ter
superado este obstáculo. Não dava para ver nada, pois estava no meio das
nuvens, tinha apenas eu e as cabras ali. Estava muito feliz e cheguei até a
gravar um video para eu ver no futuro, pois era um momento muito forte. O nome
do passo era Oxi. Não fiquei muito tempo lá, pois estava muito frio, tinha blocos
de neve do lado da estrada e o vento estava muito forte.
Passo Oxi
A descida foi muito, mas muito íngreme. Cerca de 17graus em alguns
trechos. Como estava com a roda de freio a disco as vezes era difícil frear,
mas tudo rolou tranquilo.. estou contente que até agora não caí nenhum tombo ou
algo do gênero.
Segui caminho ainda pela estrada de chão, que deve ter durado uns
30kms, depois peguei a o asfalto novamente e várias subidas e descidas. Aí veio
um contra ataque.. comecei a ficar meio triste, depressivo.. o vento todo
batendo de frente e sem muita energia para vencer. Creio que somente vou
conseguir pedalar amanhã se o vento for favorável, que segundo meus planos
será..
As colinas era muito difíceis, descia com velocidade de quase 50kms/h e
quando começava a subir voltava aos 4.. 5.. kms/h. Foi um dos trechos mais
difíceis da viagem, pois na minha cabeça seria algo fácil.. eu tinha me
preparado para a estrada de terra, o passo.. mas não para as colinas. Outra
coisa sobre este trecho foram os pontos de apoio, não existe um restaurante, um
posto de gasolina.. nada ali. Mas se você precisar urgente de algo, tem umas
saídas da rota principal (principalmente depois da montanha), que você pode
arrumar algo.. mas aí geralmente são 10kms para ir e mais 10 para voltar.
O resultado foram cerca de 10horas de pedal, com vento contra o tempo
todo. Quando cheguei na cidade fui direto para um mercado comprar comida, pois
os mercados fecham às 6pm.
Armei a barraca, tomei banho, comi.. e continuava triste. Não sei
explicar, mas não estava bem.. e muito, mas muito cansado.
Aproveitei que o camping era ligado a um hotel e conectei na internet
pra falar com o pessoal do Brasil, foi bom ter falado com eles (eles não sabem
o quanto foi!), pois fiquei melhor e preparado para dormir.
Uma coisa interessante foi uma névoa que veio em direção da cidade.
Quando eram 19hs já não dava pra ver nada, somente a neblina.
E a neblina chegando,,,
Duas paixões fotografia e bike. Parabéns, uma viagem e tanto, fotos espetaculares baita experiencia. Boa Sorte.
ResponderExcluirMuito massa...eu tenho muita vontade fazer essas coisas, sair viajando,cair na estrada. porém, ainda tenho dezesseis e sou fêmea o que torna as coisas um pouco mais difíceis. Não só pelas condições do sexo, mas, a familia, pais protetores, como eles vão ficar. Eu fico pensando nessas coisas e pensando se vai dar certo algum dia. Apesar de tudo eu nao quero que tudo fique só no sonho e algum dia eu irei...
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