terça-feira, 26 de junho de 2012

Londres


Estou escrevendo este post de dentro do avião para a Islândia.
Tive uma ótima semana em Londres, talvez uma das melhores. Não esperava tanto da cidade, na real achava que devia ser semelhante a  São Paulo.
Do início:
Passei uns bons dias, antes de embarcar para Londres, numa ansiedade grande. Muitas coisas não estavam dando certo .. mas no último momento tudo deu certo.
Tenho que agradecer minha tia, a Marga, por todo o apoio que me deu.. desde me aguentar no telefone até me levar no aeroporto.
A chegada em Londres foi com muita expectativa... primeiro estava  apreensivo de como levar a bike no avião, depois  quanto a imigração e depois se a bike tinha vindo inteira. Deu tudo certo. Quando fui pegar a bike encontrei um rosário preso no guidão.  Fiquei feliz e surpreso em ver aquilo... e pensando quem poderia ter colocado aquele rosário, o que passou pela cabeça da pessoa naquele momento. De qualquer forma, guardei ele. Não sou uma pessoa religiosa, mas estou levando-o comigo.  

Bike e rosário

Saindo do aeroporto, precisava pedalar até chegar numa estaçao de metro que permitisse  levar a bike.  Quando fui dar as primeiras pedaladas a corrente da bike caiu, na hora não sabia exatamente o que tinha acontecido, mas somente conseguia pedalar na primeira coroa da bike.. é como se fosse a primeira marcha de um carro. E assim fui lento e adiante, pedalando na mão contrária Inglesa ...  as vezes me perdia, ai pegava informações e voltava ao caminho certo. A maior dificuldade foi pronunciar o nome das estações e ruas em Inglês, pois meu inglês nao é nada britânico. Creio que rodei o dobro dos kms, por causa dessas “perdidas”.
No metro foi tranquilo, quase não precisei subir escadas com a bike. Cheguei na casa do Adam, que conheci no warmshowers.com, depois de umas 4hs de ter chegado no aeroporto. Ai fomos num pub e conheci a galera local, depois que o pub fechou, fomos para casa e continuamos no wisky. Eu não estava entendendo quase nada do que falavam, mas conforme o wisky ia fazendo efeito chegamos até a discutir os filmes do Tarkovsky.
Dia seguinte, após uma breve ressaca,  fui atrás de uns equipamentos pra bike e roupas a prova d’agua. Tudo muito difícil de encontrar. Acabei passando pelo Big Ben  e o parlamento neste dia. A noite, arrumei a bike - de alguma forma, entortaram as coroas da relação nos aeroportos, mas nada que um alicate não resolvesse.

London Eye e Big Ben

Londres #2

Big Ben #3


Terça feira fui atrás de mais equipamentos  e encontrei uma amiga de Blumenau no pub, assistimos Inglaterra x Ucrania pela eurocopa. Alguns Ingleses são muito fanáticos por futebol.  Fazia cerca de 10 anos que não via ela e foi muito bom reve-la. Na casa a noite fiquei falando com o Dave sobre os navegadores Ingleses do início do século passado, principalmente Schackleton, e ganhei um livro dele..  sobre uma cidade perdida, na amazônia.
Na quarta eu teria que encontrar meu antigo professor de guitarra. Mas acabei me atrapalhando com o fuso horário e perdi a hora. Ai peguei a bike a fui pedalando até a Abey Road, que é uma rua e um estúdio, famosa por ser a capa do disco de mesmo nome dos Beatles. Aproveitei que estava lá e pedi para uma pessoa  bater uma foto minha atravessando de bike a rua.

Abbey Road - de bike

A noite encontrei um amigo de Floripa, o Denis. Guitarrista, que estudou comigo na Udesc, gravamos um video para o projeto sobres músicos que estou fazendo. Os videos do pessoal de São Paulo, assim como este e os próximos da para ver aqui:
http://vimeo.com/44627855- Denis

 Depois gravarmos o video.. fomos para o pub, claro. E lá tive uma aula sobre cerveja, ministrada pelo grande cervejeiro Denis.
Quinta feira fui visitar o British Museu, fiquei abismado com a quantidade de informação ali.. e principalmente em como foram parar ali! Impressionante como os Ingleses roubaram todas aquelas peças e levaram para Londres. Até a mumia da Cleopatra tá em Londres, fiquei meio noiado com esses lances do Imperialismo Inglês. Depois fui com o Dave numa loja, pra pegar uma caixa para a bike, pois na Iceland Express preciso embalar a bike. A noite fui ver, num cineclube de ciclismo organizado pelo Adam, um filme que dois espanhois amigos dele  fizeram sobre Equitos, no Peru. Interessante mesmo foram as perguntas das pessoas no final do filme, impressionadas em ver como aquele povo vive.. para nós no Brasil, algo comum.

British Museum

Sexta feira gravei o Peter, um músico Londrino. E fiquei nos últimos preparativos para a trip. Consegui colocar toda a tralha dentro da embalagem da bike, que ficou extremamente pesada. O Adam me ajudou com a caixa e a embalagem. Estava muito ansioso. O Dave me levou até a estação para pegar o trem até o aeroporto. Carregar a bike na caixa foi muito difícil e acho que seria meio impossivel sem aquele carrinho para transportar a bike que o Dave me deu.

http://vimeo.com/44869134 - Video do Peter
Não pedalei muito. Creio que cerca de uns 80kms apenas. Minhas pernas provavelmente  vão sentir um pouco quando pedalar na Islândia. Mas pelo pouco que pedalei, vi o quanto o povo Londrino anda de bike. Pode parecer bobo, mas me dava orgulho de ver tantas bicicletas na rua, estacionadas nos postes e grades. Outra coisa muito legal é o respeito que os motoristas tem pelos ciclistas. Dão passagem, esperam, ultrapassam distante.  Acho que tomei uma “fina” apenas,  em São Paulo  acontece a cada instante. Quando tava andando de carro com o pessoal da casa, vi como os motoristas se comportam: realmente esperam aqueles cinco segundos para o ciclista passar, mudar de faixa, não buzinam..  nunca tinha visto ninguém dirigir assim e realmente funciona. Não são estes cinco segundos que você fica atrás de um ciclista esperando a passagem que vão fazer você driblar o trânsito e chegar mais cedo.  Pela primeira vez vi uma cidade não feita somente para carros, e sim para pessoas.

Adam
 Dave

Goste muito da cidade, mas principalmente das pessoas que encontrei. Ter ficado naquela casa com certeza foi algo muito bom. A casa era um antigo pub, que o Dave comprou uns 20 anos atrás. Moram 5 pessoas lá. São todos vegetarianos e na casa não entra carne. Vem gente do mundo todo passar uns dias ali e a troca de informações entre as culturas é muito rica. Todos são extremamente solícitos e tanto o Dave quanto o Adam me ajudaram muito, mas muito mesmo. Fiquei impressionado como foram legais comigo. Ver a Iu e o Denis também foi muito bom.  Com certeza estas pessoas são o que mais sentirei falta de Londres.
Bem, é meia noite, hoje é solsticio de verão, a noite mais longa do ano... não escureceu e provavelmente não verei uma noite escura pelos próxmos 49 dias.

 Trambolho dos infernos


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