Islândia
Dia #1 – Keflavik (22/06/12)
Camping em Keflavik - 2:00 am
Finalmente chegou o dia.
O avião pousou no aeroporto e fui pegar a bike. Estava ok.
Em sequência fui pegar um taxi até o camping, que fica a
2kms do aeroporto.
Chegando no camping encontrei duas espanholas que também vão
fazer a volta a Islândia, porém no sentido anti-horário. Muito bom poder
conversar com outros ciclistas, pessoas com algo em comum.. o cicloturismo. Na
verdade quase todos que dormiam no camping estavam com suas bicicletas.
Depois de encontrar um lugar para armar a barraca veio o
primeiro desafio: montá-la! A barraca é nova e levei cerca de 1h para deixar
tudo pronto. O clima estava frio, mas muito frio, meus dedos pareciam
congelados, ai precisei colocar as luvas.. o que dificultou um pouco o
processo. A sorte foi que não estava chovendo.. e o sol da meia noite estava
ali para clarear minha visão.
Dormir foi tranquilo, apenas precisei colocar um tapa-olho
(que minha tia Marga me deu). Pronto.. finalmente estava passando minha
primeira noite na terra dos vikings.
Dia #2 (23/06/12) – Keflavik – Vogar (12kms)
Acordei e já não tinha quase ninguém no camping. Somente as
espanholas.
Fui montar a bike e descobri que tinha perdido,
provavavelmente esquecido na casa do Dave, minha chave de pedal. Sorte que as
meninas tinham a ferramenta com elas.
Ai foi um processo longo.. arrumar tudo, distribuir o peso
pelos alforges. Levei cerca de 4hs para deixar tudo pronto. Aproveitei que
estava perto de um mercado e comprei miojos e atum para almocar e estrear meu
fogareiro.
Fui pedalando até Vogar, com muito frio e com a bike muito,
mas muito pesada. Precisei parar e colocar umas blusas e luvas.. asim estava
quente e protegido. Mas a bike continuava pesada demais.
Vogar #1
Cheguei no Vilarejo de Vogar. Fui encontrar o Gumi (o nome
real dele é algo impossível de pronunciar). Encontrei fácil sua casa e fiquei
surpreso de como ele parece jovem, apesar de ter 50 anos.
Batemos um papo e mandei notícias para minha família no
Brasil. Fui dar uma olhada na bike, e vi que os freios estavam presos na roda,
por isso estava tão difícil pedalar! A noite comemos uma pizza e capotei.
Pretendia filmar o sol da meia noite, mas coloquei o relogio para despertar às
10hs da manhã, e não a noite.. no final das contas foi uma boa coisa, pois
precisava dormir.
Dia #3 (24/06/12)
Logo pela manhã tomei um café com o Gumi. Depois ele me
mostou algumas de suas músicas e gravamos mais um video para o projeto dos
músicos. Que está disponível aqui:
Guðmundur Jónas Haraldsson - Any day now from Victor Guidini on Vimeo.
Ai conversei com ele e passei o resto do dia editando o
material que havia gravado do pessoal, e nos momentos que o computador ficava
processando, ia até a praia tirar fotos.
Vogar #2
Vogar #3 - placa
Realmente é muito difícil fazer este tipo de trabalho
enquanto estou viajando. É como dar uma pausa na viagem e focar num trabalho.
Gosto muito de editar videos e fotos, mas é algo difícil de fazer enquanto viajamos, pois exige muito tempo e preciso abdicar de
sair para conhecer alguns lugares. Mas no final creio que é melhor assim, pois
consigo conciliar duas coisas que gosto ao mesmo tempo, e é claro que este
processo ficará mais fácil ao decorrer do tempo.
Dia #4 (25/06/12)- Vogar - Reykavik (40kms)
Deixei o computador processando enquanto dormia, e após
tomar um café da manhã com o Gumi, mandei o video para o vimeo:
O Gumi fez alguns contatos com algums músicos de Reykjavik,
e creio que vou conseguir gravá-los.
Após me despedir, o que é sempre ruim nestes casos... pois
você cria um laço de amizade com as pessoas que te hospedam e ajudam, peguei a
bike a parti para Reykjavik.
Finalmente estava pedalando, estava me sentindo muito bem, e
o tempo estava ótimo, apesar do vento absurdo e gelado. Durante o caminho parei
várias vezes para fotografar, as
paisagens aqui são magníficas.
Indo para Reykjavik #1
Indo para Reykjavik #2
No caminho encontrei alguns cicloturistas, e um polonês que
não sabia falar inglês.. ele estava muito, mas muito perdido, estava pedalando
na direção contrária do caminho que queria ir. Ajudei ele com meu gps e assim
ele seguiu viagem.
Chegando em Reykjavik, apos cerca de 3hs de pedal, fui
procurar a casa da Kasia, que iria me hospedar. Não encontrei o número da rua
(mais tarde fiquei sabendo q ela tiha me dado o número errado, por engano), ai
fui procurar um telefone público.. e não existem telefones públicos na
Islândia. Pedi pra algumas pessoas me emprestarem um celular, mas não rolou...
então tentei comprar um chip, mas não tinham chips para meu telefone. Acabei
entrando numa loja, e finalmente deixaram eu ligar para ela.
Chegando na casa, tinha um pessoal lá, a maioria do leste
europeu. Foi legal, um povo gente boa. A
casa está bem localizada, perto da Igreja mais famosa da islândia, bem no
centro. A noite assistimos um filme e capotei no sofá..
Hallgrímskirkja (igreja) - Reykjavik
Time Lapse - Praia de Reykjavik - Sailing Ships from Victor Guidini on Vimeo.
Dia #5 (26/06/12)Reykjavik
Fui comprar um telefone celular pela manhã, na verdade somente o chip. Uma deusa viking me atendeu, impressionante como todas as mulheres aqui são loiras e com olhos azuis. Comi uma salada e fui pegar algum dinheiro no banco.
A tarde sai para fazer umas fotos e comprar comida para fazer a noite. Supostamente iria gravar um músico hoje a tarde, mas quando estava indo para sua casa ele desmarcou.. quem sabe amanhã.
Reykjavik - Praia #2
Fui conhecer a ilha de Videy, na verdade não cheguei a ir até ela, mas pedalei até o porto. Também gravei um breve time-lapse. FIquei cerca de 1h somente olhando as montanhas, é algo que nunca tinha visto antes. Essa combinação de mar, montanhas, gelo, e sol intermitente é muito diferente.
Videy
A noite ficamos na casa e editei o time-lapse da tarde. Não curti muito o resultado, mas é um aprendizado para os próximos. Fiz um macarrão com molho pesto pro povo e depois capotamos.
O tempo, apesar de frio, está maravilhoso, dias com muito sol e nada de chuva. Não esperava algo tão bom assim. o que está sendo um grande estímulo.
Dia #6 (27/06/12) – Reykjavik
Tive alguns problemas com a máscara de dormir. Aqui é
necessário usar essas máscaras para vedar os olhos, pois a claridade durante a
noite é grande. Acho que machuquei os olhos com ela, ou algo assim, talvez
esteja apertada demais.. vou ver está noite. Mas durante a tarde me recuperei.
Fui gravar o Haukur, ele é um saxofonista local. Estudou na
Dinamarca, Bélgica e em outros lugares da Europa. Encontrei com ele ao meio dia
e fomos para o lugar onde sua banda ensaia.
Chegando lá fiquei impressionado com os equipamentos, tudo
do bom e do melhor. Botou no chinelo o estúdio que trabalhei no Brasil.
Gravei o quarteto, ótima música, como eles disseram.. é
apenas uma música “in a sentimental mood”. A vida dos músicos aqui parece ser
muito melhor do que no Brasil, como há poucas pessoas, não existe tanta
competição e todos conseguem tocar bastante, mas ainda assim é necessário dar
algumas aulas.
O pessoal é muito gente boa, com a idade na casa dos 40.. 50
anos. Todos já estudaram fora, dois deles na Berklee, em Boston. É interessante como consigo me dar bem com qualquer músico, isso
parece abrir algumas portas para mim aqui. Todos acham este projeto “nobre”.
Supostamente eu teria que gravar outro músico em sequência.
Mas começou a aparecer umas nuvens feias no céu e chuva. Então resolvi adiar
este encontro, caso o tempo melhore.
Na casa, o filho da Kasia está com amigdalite, e ela teve
que levá-lo para o médico. O sistema de saúde aqui é gratuíto para os
Islandeses, e parece que as mães solteiras recebem uma ajuda do governo, além
de toda a infra-estrutura de creches.
Estou me confundindo um pouco no inglês, acho que sempre fiz
isso na verdade e apenas estou me dando conta. Mas pelo menos consigo me
comunicar bem com as pessoas.
Em casa comecei a editar o video do Haukur e o povo fez uma
janta. Veio os colegas de trabalho da Kasia. Neste tempo o Hordur, que é um músico daqui, me ligou e fui
gravá-lo em sua casa.
Vista do telhado da casa - 12:00 am
Ele faz música eletrônica. Cheguei em sua casa e também
fiquei impressionado com a quantidade de equipamentos que ele tinha. Muitos
synths analógicos e efeitos. Ele toca com várias pessoas da cena local, mas o
que realmente gosta de fazer é ser “a banda de um homem só”.
Aqui estão os videos:
Haukur Gröndal - No 4 from Victor Guidini on Vimeo.
M-Band - Valiant from Victor Guidini on Vimeo.
http://vimeo.com/44877288 - M-Band
http://vimeo.com/44873013 - HaukurAqui estão os videos:
Haukur Gröndal - No 4 from Victor Guidini on Vimeo.
M-Band - Valiant from Victor Guidini on Vimeo.
http://vimeo.com/44877288 - M-Band
Dia #7 (28/06/12) Reykjavik
Passei o dia todo num café, fazendo upload das fotos e
videos. A conexão era muito boa e o lugar tinha o melhor café da cidade. Fiquei
lá até 17:30, quando os funcionários começaram a colocar as cadeiras em cima
das mesas, como fazem nos bares do Brasil.
Depois fui pedalar um pouco pela cidade.. gostei muito, tem
ciclovia por todos os lugares, e o povo também anda em cima das calçadas. Acho
legal a ideia de andar em cima da calçada, algumas pessoas em São Paulo falam
que pode atropelar os pedestres.. mas isso é muito raro, muito mais fácil ser
atropelado por um carro. Aqui não vi este pensamento de que a bike é algo ruim,
que pode matar os pedestres e atrapalha o trânsito, muito pelo contrário. Todas
as vezes que andei pelas ruas fui muito respeitado, chega a ser até
desconfortável, pois as pessoas realmente esperam o momento apropriado para te
ultrapassar.
Panorâmica
Âncora
Quando estava tirando umas fotos fui atacado por um pássaro.
Fiquei de cara com aquilo, ele veio pra cima de mim, peguei a bike e saí em
disparada, mas mesmo assim o bicho me acertou. Sorte que estava usando
capacete.
Farol
Navio e nuvens
A noite fiz um time lapse da janela da Kassia, e ficamos
esperando até a madrugada para comer um bolo que ela e uma amiga fizeram. Na
verdade só fomos comer o bolo no dia seguinte, porque estava ficando muito
tarde.
Time Lapse - Forming Clouds - Reykjavik, Iceland from Victor Guidini on Vimeo.
Time Lapse - Forming Clouds - Reykjavik, Iceland from Victor Guidini on Vimeo.
Dia #8 (29/6/12) Reykjavik
– Thingvellir (66kms)
Arrumando as coisas me dei conta que perdi uma mão da luva.
Fui comprar outra, mas só encontrei luvas quentes, a prova de vento, mas nao de
agua, mas foi essa mesmo.
A Kassia fez um almoço, e depois de comer, parti rumo a
Thingvellir. Me perdi um pouco, mas consegui sair da cidade tranquilamente,
quase todas as tuas tem uma ciclovia.
Esculturas
A principal coisa que está pegando é o peso da bike, creio
que devo estar levando cerca de 30kg de bagagem. Nas subidas fica muito
difícil, ainda mais que minha coroa pequena da bike não está pegando direito.
O caminho foi tranquilo, mas durante o pedal começou a
chover e muito. Tive que colocar minha calça pra seguir viagem, mas mesmo assim
o frio era muito intenso. O clima local é muito inconstante, muda muito rápido,
mas muito rápido mesmo.. em cinco minutos aparecem nuvens do além e começa a
chover.
Outro detalhe são as moscas, que procurando calor, atacam
você. Elas não mordem como os tabanos da Argentina, mas enchem muito o saco,
fica cerca de centenas de moscas ao redor da sua cabeça... o que também
atrapalha nas fotos.
E lá vem a chuva...
Tempestades
Chegando em Thingvellir arrumei a barraca e me dei conta que
o gás para o fogareiro que ganhei da Kassia não servia no meu. Então o jeito
foi comer miojo cru com sardinha.
Fui para o parque fotografar, muito impressionante tudo.
Aquelas imagens que antes eu via somente pela internet, e achava mágicas,
realmente existiam.. e eu estava lá.
Thingvellir #2
Encontrei um japa que mora no Canadá, o Ben. Ele também
estava pedalando por uns 3 dias pela Islândia. Fotografamos o local, e como já
era meia noite fui dormir, ele seguiu caminho para o próximo lago.
Dia #9 (30/6/12)
Thingvellir – Geysir (67kms)
Dormi bem durante a noite. Mas acordei com um calor
insuportável dentro da barraca, às 9:00am.
Conheci uns alemães no camping, estão pedalando pela
Islândia sem rumo.. tem 3 semanas para ficarem por aqui, sem roteiro definido,
apenas curtindo.
Quando estava saindo do camping outra ciclista alemã veio
falar comigo, a Sonja. Como estavamos indo para o mesmo caminho, pedalamos
juntos durante este dia. Ela ficou abismada com o peso que to levando..
O sol estava brilhando no céu e não pegamos chuva. A
compania de outro ciclista é sempre boa, da pra ir trocando uma ideia. A única
coisa que estava sentindo era as pernas, que ainda não estavam acostumadas com
tanto peso, alem de que passei os últimos 15 dias praticamente sem pedalar.
Chegamos depois de uns 30kms até Laugvartn, onde comemos algo e eu consegui comprar gás para meu fogareiro, assim como pão, presunto e outras coisas..
Sonja
Chegamos depois de uns 30kms até Laugvartn, onde comemos algo e eu consegui comprar gás para meu fogareiro, assim como pão, presunto e outras coisas..
Seguimos rumo a Geysir, que é uma pequena vila famosa pelos
seus geisers. O corrego do lado da cidade tem água na temperatura de cerca de
80-100 graus C. A estrada era maravilhosa, sempre cercados de belas paisagens.
Depois de montarmos acampamento, seguimos para uma piscina com água vulcânica, na temperatura de cerca de 40 graus. Tava precisando daquela água quente, ajudou muito e dar uma relaxada nas pernas.
Geysir #1
Geysir #2
Geysir #3
Depois de montarmos acampamento, seguimos para uma piscina com água vulcânica, na temperatura de cerca de 40 graus. Tava precisando daquela água quente, ajudou muito e dar uma relaxada nas pernas.
A noite fomos procurar internet, tem gratuita no hotel do
camping, mas ela pega de vez em nunca. Conexão muito ruim... mas no meio do
nada, já é algo.
Cozinhamos um macarrão e depois fui bater umas fotos dos
geisers, acabei fazendo um time lapse e conhecendo uma fotógrafa da National
Geographic.
A previsão para os próximos dias é de chuva. Creio que vou
ficar em Geysir mais um dia, aproveitando que o camping faz parte do hotel,
então posso ficar editando o material que tenho capturado até então. Amanhã
também pretendo ir a Gullfoss, que é o lugar mais visitado da Islândia. Mas para
evitar as hordas de turistas vamos partir cedo pela manhã. São apenas 10kms até
lá, e mais 10 para voltar ... com a bike sem mala.
Po cara, sempre acompanho seus relatos de viagem pelo Brasil. Agora acompanhando este na Europa. Estou passando pra dizer que curto bastante o trabalho que você faz e estarei acompanhando pelo blog durante toda sua viagem. Já espero a próxima parte.
ResponderExcluirAbc
viajando junto ...
ResponderExcluirOi!Vou pedaladar pela Islândia em Julho de 2019. Como comprar gás para o fogareiro em Keflavik?
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